sábado, 9 de outubro de 2010

Darwin - um ateu

Muitas vezes, os teístas citam a suposta  conversão de Charles Darwin, na tentativa de provar seu "ponto de vista correto". 

Assim, vamos analisar alguns fatos reais:

Darwin cogitava ingressar no clero da Igreja Anglicana, mas essa trajetória mudou radicalmente depois que ele passou cinco anos (1831-1836) navegando e explorando a diversidade de seres vivos nas ilhas Galápagos, localizadas próximo à costa do Equador. 

Em sua autobiografia, Darwin escreveu que nessa época estava num conflito para aceitar a presença do mal em um mundo criado por Deus, conforme explica: 
 
Parece-me que há muita miséria no mundo. Eu não consigo me convencer de que um Deus benevolente e onipotente tenha intencionalmente criado a Ichneumonidae [i.e., espécie de vespa] com o expresso propósito de parasitar larvas vivas de outros animais para delas se alimentar, nem criado um gato com a finalidade de caçar um camundongo.[1]
 
Em 1859, Darwin publicou seu livro intitulado The Origin of the Species by Means of Natural Selection [A Origem das Espécies Por Meio da Seleção Natural], no qual expõe detalhadamente sua concepção de que a vida, em todas as suas manifestações, não provém de uma entidade sobrenatural e criadora, mas origina-se no processo de sobrevivência do mais apto.

Darwin expressou suas concepções religiosas numa carta que escreveu quando já estava velho e doente: 

A ciência não tem nada a ver com Cristo, exceto na maneira pela qual a pesquisa científica torna o homem mais cauteloso em reconhecer a evidência. Quanto a mim, não creio que tenha existido alguma revelação. No que diz respeito à existência de uma vida futura, cada ser humano deve julgar, por si mesmo, entre probabilidades remotas e conflitantes.[2]

 Ele também afirmou:

Nessa época, ou seja, entre 1836 e 1839, eu gradativamente chegara à compreensão de que o Antigo Testamento não era mais confiável do que os livros sagrados dos hindus [...] Aos poucos, passei a desacreditar no cristianismo como uma revelação divina [...] Assim a descrença lentamente penetrou em mim até que me tomasse por completo. O processo foi tão devagar que nem cheguei a sentir angústia.[3]

Não há qualquer evidência de que Darwin tenha mudado de idéia!

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Notas:

  1. Francis Darwin, org., The Autobiography of Charles Darwin and Selected Letters, Nova York: Dover Publications, 1958, p. 249. 
  2. Francis Darwin, org., The Life and Letters of Charles Darwin, Nova York: Basic Books, 1959, 1:277.
  3. Darwin, org., The Autobiography of Charles Darwin and Selected Letters, p. 62.